quarta-feira, 25 de abril de 2007

25 de Abril

Eram 22 horas. Os mais adiantados já se acotovelavam não para ver o Fausto e suas cantigas, mas para guardar lugar para o melhor momento da noite. Cotovelada aqui, empurrão acolá, lá consegui atravessar a praça para chegar ao outro lado da cidade. Tudo em posição para a grande festa que se vive na passagem para 25 de Abril, muito à semelhança do que acontece... no 31 de Dezembro. Roulotes de farturas e couratos enchem o ar de um cheiro... a colesterol (se é que isso tem cheiro). Ruas cortadas, e a confusão de quem chega de longe e não tem onde estacionar. Polícia e Bombeiros colocados estrategicamente, não vá haver problemas.

23 horas e uma série de minutos que não contei. Após um café e dois dedos de conversa num barzinho de Almada Velha eis-me de volta à confusão. Procuro por um lugar que me permita apreciar o espectaculo. Uma chuvinha miudinha começa a cair. Já muito próximo da meia noite, uma série de "notáveis" da autarquia (faltei lá eu) despejam palavras de liberdade, e muitas outras repetidas ano após ano, qual disco riscado. Ao som de "Grândola Vila Morena", olho o horizonte e para o telemóvel. E penso: "Estes hoje esticaram-se com o discurso. Ainda está aqui tudo a cantar Zeca Afonso, e já passa da meia noite. Seixal desta vez ultrapassou-nos". E o fogo do Seixal já se via a saltitar ao longe. Terminada a canção e distribuição de cravos aos que haviam marcado lugar nas primeiras filas, lá começa o fogo. Primeiro uns para disparar alguns alarmes e acordar o pessoal (sim, que alguns já deviam estar a dormir com os discursos). Depois ao ritmo de musicas variadas o fogo lá foi saíndo e enchendo a cidade de cor e barulho.

20 minutos depois, e muitos milhares de euros transformados num cheirinho a queimado, começam os preparativos para a festança que se segue. Algumas pessoas começam em debandada. O fogo está visto, já ganharam a noite. E aí vejo algo que me deixa perplexo: será que a liberdade alcançada pela geração anterior à minha.. não estará actualmente em excesso.. Muitos miudos com idade para já estarem na cama, vejo-os passar com copos de cerveja na mão. Será este o futuro que os nossos pais quereriam com o 25 de Abril? Se fosse eu.. não quereria..

Esqueço logo esta situação, quando entra em cena a GNR (a banda, não o Grupo de Operações Especiais). Musicas novas misturadas com as mais antigas, vão enchendo a cidade de som com pronuncia do Norte. Até que... surge algo que me espanta a mim e a mais de metade dos resistentes. No meio de uma música aparece uma personagem de fato de treino branco a cantar algo parecido com rap... que não tem nada a ver com GNR... E lá pensei "quer dizer... a gente não paga bilhete, mas vim para ouvir GNR, não um ilustre desconhecido.. e que não está bem enquadrado no rock...". Vá lá, foi só uma canção.

2 da manhã. Termina o concerto, e a debandada é geral. Quais gazelas a fugir dos leões, todos fogem em todas as direcções e o trânsito começa de novo a encher as ruas. A busca por um bar onde se possa beber uma última bejeca, revela-se infrutífera. A noite de Almada termina cedo. A chuva continua a cair, sem incomodar muito... mas volto para casa molhado, com sede... mas o que vale é que é feriado!!!

5 comentários:

Anónimo disse...

21h30 - chego a Almada. Começa a longa busca para encontrar um sitio para estacionar. Após umas quantas voltas por Almada Velha, vou estacionar á porta do Seminário em cima de um passeio (onde nem um gato podia passar) correndo o rico do camião da recolha de lixo passar e levar-me o meu rico espelho.
Começo a descer até o recinto do fogo.
Depois de bebericar num cafe escaldado com o "Gato Escaldado" andamos até ao palco.
Lógico que por estas horas já a Presidente da Camara fazia o seu discurso (repetição identica ao longo de mais de 20 anos de mandato), presencio 2 cenas distintas: grupos de "meninos bem" que se apanham sem os seus paizinhos e fazem das suas como andarem com belo do copinho da imperial fresquinha (com o calor que esteve ontem á noite)pela mão e o corpo de bombeiros que a unica coisa que os via fazer era correrem de uma ambulancia para a outra. sim, a correr! se eles estava ali para ajudar algum jovem inconsequente que tinha já bebido um copito a mais, não parecia.
bom, após o Grandola Vila Morena e os cravos que só vi nas mãos de uma senhora (não era um, mas vários) lá começa o fraco fogo. (LEMBRA-ME DE PARA O ANO QUE VEM IR PARA O SEIXAL.)
Tenho a leve sensação que sei porque é que este ano o fogo foi tão fraquinho, deve ser por causa das obras do electrico...
GNR (Grupo Novo Rock) fiquei um tanto ao quanto desiludida com a actuação que vi (gostei tanto ou tão pouco que ao fim de 5 ou 6 musicas já estava a subir Almada Velha...). Estava á espera de ver e ouvir uma sequencia de êxitos dos GNR e não uma mistura de musicas recentes (do ultimo album) intercaladas com algumas velhinhas.

1h30 do dia 25 de Abril de 2007 JÁ TOU NA CAMA pq a vida não faz feriados e eu tenho que ir bulir ás 9h.

Bom feriado a todos
A gata assanhada

João J. disse...

2 visões diferentes para a mesma situação de ontem... o escaldado e a assanhada.. um diz mata e outro diz esfola..eheheh

Ticha disse...

"Muitos miudos com idade para já estarem na cama, vejo-os passar com copos de cerveja na mão. Será este o futuro que os nossos pais quereriam com o 25 de Abril? Se fosse eu.. não quereria.." Aí está, liberdade é bom, mas tudo tem a sua conta peso e medida...e serão estes os ministros de amanhã...

Rabodesaia disse...

tou a ver que para os teus lados a comemoração do 25 de Abril é festa rija!

saenima disse...

Pois é, essa história da bejeca não ter dado em nada é que não está com.. nada. Temos que fazer um abaixo-assinado para que os bares não possam fechar antes das 4h. O que dizes? Boa?

Abraço