25 de Abril
23 horas e uma série de minutos que não contei. Após um café e dois dedos de conversa num barzinho de Almada Velha eis-me de volta à confusão. Procuro por um lugar que me permita apreciar o espectaculo. Uma chuvinha miudinha começa a cair. Já muito próximo da meia noite, uma série de "notáveis" da autarquia (faltei lá eu) despejam palavras de liberdade, e muitas outras repetidas ano após ano, qual disco riscado. Ao som de "Grândola Vila Morena", olho o horizonte e para o telemóvel. E penso: "Estes hoje esticaram-se com o discurso. Ainda está aqui tudo a cantar Zeca Afonso, e já passa da meia noite. Seixal desta vez ultrapassou-nos". E o fogo do Seixal já se via a saltitar ao longe. Terminada a canção e distribuição de cravos aos que haviam marcado lugar nas primeiras filas, lá começa o fogo. Primeiro uns para disparar alguns alarmes e acordar o pessoal (sim, que alguns já deviam estar a dormir com os discursos). Depois ao ritmo de musicas variadas o fogo lá foi saíndo e enchendo a cidade de cor e barulho.
Esqueço logo esta situação, quando entra em cena a GNR (a banda, não o Grupo de Operações Especiais). Musicas novas misturadas com as mais antigas, vão enchendo a cidade de som com pronuncia do Norte. Até que... surge algo que me espanta a mim e a mais de metade dos resistentes. No meio de uma música aparece uma personagem de fato de treino branco a cantar algo parecido com rap... que não tem nada a ver com GNR... E lá pensei "quer dizer... a gente não paga bilhete, mas vim para ouvir GNR, não um ilustre desconhecido.. e que não está bem enquadrado no rock...". Vá lá, foi só uma canção.
2 da manhã. Termina o concerto, e a debandada é geral. Quais gazelas a fugir dos leões, todos fogem em todas as direcções e o trânsito começa de novo a encher as ruas. A busca por um bar onde se possa beber uma última bejeca, revela-se infrutífera. A noite de Almada termina cedo. A chuva continua a cair, sem incomodar muito... mas volto para casa molhado, com sede... mas o que vale é que é feriado!!!