quinta-feira, 20 de maio de 2010

Passeatas de avião

Na semana que passou tive a oportunidade de ir dar uma passeata de avião até a alguns países do centro da Europa, e fiquei com a sensação de algum desconforto relativamente a alguns assuntos...
Logo de início, o facto de não me terem pedido a identificação foi interessante. Bastou-me uma folha de papel com a confirmação da reserva para poder levantar os meus cartões de embarque... e logo eu, que queria mostrar orgulhosamente o meu novo cartão de cidadão com aquela foto de presidiário... Continuando, a passagem ao detector de raios x. Malas, casaco e cinto, tudo tem de passar por aquele tapete para ser radiografado. Estive quase para me lançar por inteiro lá para dentro, podia ser que me verificassem se não tenho nenhuma doença grave. Mas limitei-me a fazer um strip para a polícia que lá estava a controlar (bem jeitosa por sinal..), e por azar ela não teve de me revistar. Bolas!...
Porta de embarque, e entrada no avião propriamente dito. "Está quase", pensei. Mas estava enganado... Logo ao início, uma alemã fardada e com um ar maroto, disse-me algo que nem sei pronunciar, e sorriu. Apenas pude retribuir de volta o sorriso, pois no momento não me surgiu nada de inteligente que pudesse dizer...

Calhou-me lugar no corredor, menos mal, sempre não tenho de chatear ninguém se me apetecer ir conhecer as redondezas (restrito da fila 15 à 29). Fechadas as portas, começa outro martírio. As explicações de como tudo funciona:
  • Colete salva vidas: mas afinal estou num avião ou num cruzeiro? Se o avião cair dentro de água, vou mesmo ter tempo de procurar o colete, vesti-lo, apertar as cintas, puxar o cordão para insuflar... e se ainda assim precisar, será que tenho fôlego para soprar pelos tubinhos para insuflar ainda mais o colete...
  • Máscara de oxigénio: a exemplificação de que a parte amarela é para por na face, e puxar 3 vezes o elástico, será suficiente para informar que ... aquilo é um elástico? Estava à espera de um daqueles puxões partisse o elástico, que eu queria ver...
  • Cartão com informações: afinal todo o teatro feito pelas hospedeiras, está resumido num cartão que está no banco à nossa frente. E mais, ainda informa que as saídas de emergência estão longe para caraças, e que basicamente se a viagem der para o torto, eu vou ser o último a sair do avião..
Ok, vou relaxar e apertar o cinto... o avião desliza pela pista com um poder de aceleração parecido com a do meu carro, em que o banco se acomoda ao nosso corpo, e aquilo... sai de terra. Mesmo no ar, parece que a estrada tem alguns buracos (nunca percebi porque é que o piloto lhes faz pontaria).

Já no ar, a primeira coisa que é feita assim que os avisadores dos cintos se apagam, é aparecer aquela hospedeira marota com um carrinho carregado de comida e bebida. Comida de avião, é coisa que não enche barriga, e que pode provocar alguns disturbios intestinais a quem até agora tinha aguentado com os altos e baixos. Ainda assim arrisquei o menu normal, com tudo incluído. Tive sorte, o balde de café fez-me manter desperto (tinha acordado às 4 da manhã...), e aquele mini pequeno almoço complementou aquele que eu já tinha tomado em casa. Tudo em formato microscópico, mas ainda assim deu para orientar tudo dentro de um tabuleiro ainda mais pequeno.

A viagem era de cerca de 3 horas, deu para dormir um pouco, apesar do barulho dos motores...
Antes da aterragem, lembrei-me de mais uma asneira. Ir ao WC... Eu que sou um gajo magrinho, vi-me à rasca para entrar, rodar, fechar a porta, e depois rodar os pés e o resto do corpo para me por em posição. Um gajo com mais de 100 Kg como fará? De certeza que tem de entrar e sair de lá com a ajuda de uma calçadeira... O autoclismo de avião é uma coisa linda, tem aquele momento de suspense em que parece que nada vai acontecer, para depois cair 3 pingas de água, e haver uma sucção descomunal, que faz desaparecer tudo, como que por magia. Pergunta: Será que eu desaparecia do avião, e seria transferido para outra dimensão se estivesse mais próximo daquele "vortex"? E para onde vai aquilo? Será ejectado do avião? Tenho a firme certeza que sim... por 2 motivos: uma vez estava na praia, e vi um avião a passar. Uns minutos mais tarde pareceu-me que estava a cair uma chuvinha momentânea... E em segundo lugar, nos aeroportos, vejo muitos carros de apoio, com bagagens, catering, gasolina... nunca lá vi nenhum tractor limpa fossas...

São demasiadas perguntas às quais não tenho resposta imediata. O que interessa é que cheguei ao meu destino... e repeti tudo de novo, para um voo de ligação mais curto. E neste momento já voltei ao nosso país... Já estou com saudades...

1 comentário:

Bottled (em português, Botelho) disse...

Caro vizinho,

Seja bem regressado.

Ainda perdido de riso com a descrição, devo dizer-lhe que tudo isso são situações perfeitamente normais.

Diz-lhe quem não gosta de viajar de avião e que tem feito ultimamente algumas viagens...

Felizmente antes das cinzas (quer do vulcão islandês quer do que sobrou do avião que caíu no Líbano).

Fónix!!!

Hic Hic Hurra